A importância que a atividade piscatória teve outra para a comunidade do Arelho é ainda reforçada pelo facto da Ermida da localidade, afeta à paróquia de São João do Mocharro, a que a aldeia pertenceu até à reforma administrativa do século XIX, ser dedicada a um pescador , o Apóstolo Santo André e de, aquando da festa a ele dedicada, o andor do santo ter a forma de um barco.
Sobranceira a toda a aldeia, a Capela de Santo André, templo rural de uma só nave e com uma galilé exterior alpendrada, na fachada principal. Na mesma fachada, encimando o alpendre, está inscrita uma imagem de pedra representando o orago que Gustavo de Matos Sequeira, em 1955, datou do século XVI a atribuiu a um escultor de nome Nuno Alvares. No interior da capela, destacamos a imagem do orago datada, segundo informação do historiador Sérgio Gorjão, do século XV ( o que deixa antever a antiguidade da capela), da autoria de um escultor da escola de Coimbra que assinava as suas obras com as iniciais P.A. O mesmo escultor terá sido o autor da escultura de São João Baptista do Mocharro, datada da mesma época e hoje exposta no Museu Municipal.
Podemos ainda admirar várias imagens do período Barroco ou de influência barroca: Nossa Senhora dos Milagres, Nossa Senhora das Neves, Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora da Conceição ( as duas últimas no altar-mor da capela, cujo retábulo datará dos finais do século XVIII).
Na capela existiram, pelo menos no século XVIII, duas confrarias: de Santo André ( para a qual o Visitador da paróquia de São João manda comprar um livro que sirva para o registo da respectiva receita e despesa, no ano de 1733) e a de Nossa Senhora das Neves. Ambas as confrarias possuem bens de raiz, legados em testamento, na zona ( Arelho, Carregal, Bairro).
Relativamente à imagem de Nossa Senhora das Neves e respectiva Confraria, é possível que estejamos em presença de uma imagem e instituição trazida da Igreja de São João Baptista do Mocharro, aquando da mudança da paróquia para a antiga capela de São Vicente, na Porta da Vila, no decorrer do século XVII. Efectivamente as Memórias Históricas , aquando da descrição da igreja, referem que aí existia uma imagem da referida Santa ( com direito a festa do dia cinco de Agosto) e uma Confraria composta maioritariamente por pessoas do Arelho.