Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa

História

Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa

Na sequência da reorganização administrativa territorial autárquica  foi criada a nova Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa agregando assim, os territórios das antigas freguesias de Santa Maria, de São Pedro e do Sobral da Lagoa.

Será sempre curioso referir que, muito antes deste processo de agregação, as antigas freguesias sediadas em Óbidos (Santa Maria e São Pedro) já tinham uma longa história de união, partilha e cooperação. Para esta relação conta, não só o facto de a Vila de Óbidos e as aldeias do Pinhal e A-da-Gorda terem partes de ambas as freguesias, mas também a peculiaridade de as freguesias partilharem a mesma sede que se mantém como sede da nova freguesia.

No dia 18 de outubro de 2013 foi instalada a nova Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa com edifício sede em Óbidos (antiga sede das Freguesias de Santa Maria e São Pedro) e delegação no Sobral da Lagoa.


Santa Maria

Santa Maria, freguesia do concelho de Óbidos, ocupava uma área de 22,13 quilómetros quadrados e incluía as povoações do Arelho, do Bairro da Senhora da Luz, do Carregal e de Trás do Outeiro, bem como parte de A-da-Gorda, do Pinhal e de Óbidos, onde tinha a sua sede. Tinha como freguesias limítrofes São Pedro, Vau, Sobral da Lagoa, Amoreira, Gaeiras, Roliça (concelho de Bombarral), Nadadouro e Santo Onofre (concelho de Caldas da Rainha).


A freguesia de Santa Maria de Óbidos era a mais antiga das duas freguesias que formavam a vila. Os seus formosos templos e monumentos, como as igrejas de Santa Maria e da Misericórdia, o pelourinho e o castelo, as suas ruas tortuosas, o casario branco, os pórticos, as arcadas e as fachadas constituem como que uma jóia monumental.

Acredita-se que a primitiva ocupação humana da região remonte à pré-história. Pela sua proximidade da costa atlântica, esta região despertou o interesse de povos invasores da península Ibérica, tendo sido sucessivamente ocupado por Lusitanos (século IV a.C.), Romanos (século I), Visigodos (séculos V a VI) e Muçulmanos (século VIII).

O atual castelo de Óbidos representa a fase final duma série construtiva que é possível acompanhar, por vezes mesmo documentalmente. Nas muralhas reconhecem-se, como na Torre do Facho, sinais de fabrico romano e, noutros pontos, vestígios de construção mourisca.

Em 1148 D. Afonso Henriques desalojou as hostes agarenas que aguerridamente defenderam o castelo. É dessa época, 1153, o mais antigo documento referente à fortaleza. Do reinando seguinte, o de D. Sancho I, existe uma inscrição documental que alude a obras então realizadas na Torre do Facho.

A construção principal foi obrada no tempo de D. Dinis, monarca restaurador de tantos castelos, mas D. Fernando, conforme documento de 1375, manda proceder a importantes restaurações mormente na torre de menagem. Novas beneficiações devem ter acontecido com D. João II, as quais foram continuadas por D. Manuel II que operou as modificações mais sensíveis, principalmente no castelejo, como atestam vários vãos no estilo manuelino e os emblemas da época.

É também este rei que a 20 de agosto de 1513 concede floral novo a Óbidos e, testemunhando o facto, ergue-se na Praça de Santa Maria o interessante Pelourinho, constituído por uma coluna coroada por um facho sobrepujado de cruz de ferro. Quase no topo, adossados ao fuste, de cada lado, veem-se o escudo real e o camaroeiro.

A Igreja Paroquial de Santa Maria é uma construção da Renascença, com três naves de quatro vãos divididas por arcadas dóricas com colunas sobre pedestais. O interior é de belo efeito decorativo, devido aos ricos azulejos seiscentistas que revestem as paredes de alto a baixo em romaria de um precioso azul e ao teto de madeira que forma um berço para cada nave, sendo todo revestido de grotescos policrómicos, especialmente graciosos e bem imaginados na nave central.

A coleção de quadros de autores locais inclui cinco pinturas na Capela de Santa Catarina assinadas por Josefa de Óbidos (1661), oito pinturas sobre madeira no altar-mor da autoria de João da Costa e os quadros das naves de Baltazar Gomes Figueira. No corpo do templo, do lado do Evangelho, está uma obra prima do renascimento português, o túmulo de D. João de Noronha. Esta admirável peça de escultura foi talhada e esculpida em calcário brando por Nicolau Chanterrenne, num período decorrido entre 1526 e 1528.

Esta igreja foi, em 1441, o palco escolhido por D. Duarte para o casamento de seu filho Afonso com D. Isabel, filha do Infante D. Pedro. O noivo tinha dez anos e a noiva oito, celebrando-se a cerimónia com a presença da família real e de toda a corte. Deram brado as festas que então se realizaram.

Novamente em foco estaria a igreja quando, em 1792, aí de correu o baptismo da princesa real D. Maria Leopoldina, futura arquiduquesa de Áustria. O templo foi ricamente armado e forrado de damasco e até o cruzeiro foi alargado para que houvesse mais espaço para a cerimónia. A festa da igreja decorreu sob um clima de perfeição e grandeza e no final foi servido um lauto jantar a todos os pobres de Óbidos.

Intimamente associada a estes, esteve a instituição da Misericórdia, por Dona Leonor, em 1498, na Capela do Espírito Santo. Este templo, após obras de restauro, as mais importantes em 1678 e 1774, transformou-se num magnífico edifício onde ressalta o seu portal de um barroco primário, mantendo puros os perfis renascentistas e sobrepujado de um nicho, de lavor Joanino, abrigando uma imagem da Virgem, de faiança vidrada e pintada.

Interiormente, a Igreja da Misericórdia apresenta uma nave, coberta de teto de esteira, de volta redonda. As paredes são revestidas de alto a baixo de ricos azulejos azuis e amarelos, do século XVII, com moldurados em quadros. Os altares são de grande mérito, na sua pura Renascença de talha pintada e dourada. Entre os painéis da época que os guarnecem, nota-se uma "Visitação", a que dá um encanto especial certa ternura um pouco afetada, mas singularmente elegante.

Orago: Santa Maria

População: 2 032 habitantes (Censos 2011)

Área: 22,13 Km2

São Pedro

São Pedro de Óbidos era uma das duas freguesias que constituíam a vila. A sua extensão foi até tempos bem recentes, maior que a existente em 2013, pois compreendia os territórios das atuais freguesias de Gaeiras e Usseira. A sua história confunde-se com a da própria vila, já que sendo parte integrante da mesma e com uma extensa área dentro das famosas muralhas passou pelas mesma vicissitudes da sua vizinha Santa Maria.


Quase todos os autores definem a planta das muralhas como um ferro de engomar com o bico virado ao sul, terminando pela Torre Vedra ou do Facho. Não longe desse ponto a colorida e original Porta da Vila permite o acesso ao recinto murado.

Estamos em terrenos de S. Pedro. Encimando a Porta, uma inscrição dedicada à Imaculada Conceição, proclamada Padroeira do Reino após a Restauração em 1640. Aqui, existe uma capela-oratório dedicada a Nossa Senhora da Piedade revestida por um painel de azulejos do século XVIII. Não muito longe, o Padrão Camoneano da autoria de Raul Lino, evocando o facto da vila ser referenciada em "Os Lusíadas". Este padrão só existe nas localidades referidas por Camões na sua obra.

Esta Porta da Vila teve um papel preponderante nas lutas aqui travadas pelos nossos dois primeiros Reis. Afonso Henriques considerava a conquista de Óbidos como uma dificílima "empresa", daí ter decidido, acolitado por Gonçalo Mendes da Maia, ser ele próprio a distinguir as operações no terreno. Só um estratagema permitiu tomar a vila. Enquanto o grosso do exército atacava a Porta da Vila e as muralhas a poente, um grupo de cavaleiros dirigia-se a nascente, entrando pela Porta da Traição.

Derrotados por agora voltariam os mouros, anos mais tarde, tentando reapossar-se de Óbidos. Os agaremos vinham de Santarém, onde se encontrava D. Sancho, então príncipe. Decorria o ano de 1184 e terão chegado aqui pouco depois. A luta que se travou junto à Porta da Vila foi tremenda, mas os Cristãos dizimaram a mourama por completo, deixando o chão da atual freguesia de S. Pedro, pejado de cadáveres. A valentia dos obidenses era grande e na década de noventa seria novamente posta à prova, reagindo com pleno êxito à última investida sarracena.

Para comemorar a tomada de Óbidos diz a tradição que D. Afonso Henriques erigiu em S. Pedro o Cruzeiro da Memória. O monumento atual é inquestionavelmente manuelino, talvez levantado no lugar do primitivo.

Regressando novamente ao interior das muralhas, vamos ao encontro da linda Capela de São Martinho. Templo ogival do século XIV, fundado no tempo de D. Afonso IV, tem um belo portal com capitéis bem esculpidos e longa inscrição gótica. Interiormente tem abóbadas de nervuras em dois tramos e encerra túmulos medievais.

Defronte, a Igreja de S. Pedro, inicialmente um templo gótico, vindo a ser destruído pelo terramoto de 1755. Na reedificação aproveitaram-se o antigo retábulo da capela-mor, a escada do coro e uma parte do pórtico, hoje integrado na atual fachada. Destaque-se a capela-mor, abobadada, com um altar de talha setecentista. Aqui repousam os restos mortais de Josefa d'Óbidos e do Lacordaire português, o inspirado poeta e orador Francisco Rafael da Silveira Malhão.

Orago: São Pedro

População: 1 308 habitantes (Censos 2011)

Área: 10,25 Km2

Sobral da Lagoa

A antiga mata do Sobreiral foi o ponto de partida para o nascimento de uma povoação que iria ser elevada a freguesia em 1837.


Decorria o ano de 1583 quando Domingos dos Santos Ferreira Neto, habitando em Óbidos havia pouco tempo, resolveu dar um passeio até ao elevado morro, situado a sudeste da Vila. De imediato ficou fascinado pela paisagem proporcionada, especialmente com a soberba vista para o mar e a proximidade da Lagoa de Óbidos.

Mandou então construir ali uma casa à qual se seguiu uma outra, esta com maiores comodidades habitada por uma família amiga. Mandaram, em seguida, arrotear parte das matas que cultivaram com cereais e árvores de frutos.
Poucos anos passados, em 1617, já ali existia um pequeno povoado de 23 fogos e cerca de 100 habitantes. O passo seguinte foi a construção de uma capela consagrada a Nossa Senhora da Conceição, com um magnifico altar e, apesar da sua fábrica ser pobre, tinha o templo capacidade para albergar 300 pessoas.

Foi o lugar da Mata do Sobreiral, integrado na Freguesia de S. João do Mocharro, extramuros da Vila de Óbidos. Em 1779 o número de fogos já era de 83 com o consequente aumento de habitantes para a casa das três centenas.
É nessa data que o povo, onde imperava um extremo sentimento de religiosidade, verifica a exiguidade da ermida de Nossa Senhora da Conceição face ao aumento considerável da sua população. Com a preciosa ajuda financeira dos frades do Varatojo, mandou-se construir um templo grande e decente, sob a invocação do Mártir S. Sebastião.

É em 1837 que este povo consegue a desanexação da Colegiada de S. João do Mocharro. Como já se viu, estes habitantes eram bastantes religiosos. Em meados do Século XVIII existiam aqui duas irmandades, a do Santíssimo com 300 irmãos e a de Nossa Senhora do Rosário com mais de duas centenas. Todos os dias, ao fim da tarde, era rezado o terço na igreja e aos Domingos de tarde havia visita dos altares e via-sacra. Durante a quaresma, saía já de noite, da antiga capela, um terço cantado por homens, percorrendo as ruas com uma cruz alçada e terminando com devotas rezas e o ensino da doutrina às crianças e também aos adultos. O mês de Maria que aqui se realizava era considerado o de maior pompa e decência de toda a região. Outra prova de todo este fervor é a quantidade de sacerdotes que a Freguesia deu à Igreja Católica. Entre 1621 e finais do Séc. XIX, foram aqui ordenados catorze padres.

No “Inventário Artístico de Portugal” fez-se a descrição da Igreja Paroquial de S. Sebastião. Excertemos uma parte: “Debaixo do altar-mor encontra-se, como relíquia, o corpo de S. Murciano. Em casa do pároco, pertença da Igreja, está um paramento (casula, véu do cálice e estola) de damasco, bordado a oiro e a matriz, do Séc. XVIII, e um resplendor de prata da imagem de S. Sebastião, adornado de berilos, granadas, pedras citrinas e crisólitas com uns brincos e um broche de peito, cosidos ao halo e aos raios . Tem de largura o esplendor 0,200m. Estas jóias tinham sido ofertadas pelo povo à imagem. Há ainda uma custódia de prata cinzelada com 0,650 m de alto”.
Outra das relíquias da Freguesia é o conjunto de quatro curiosos moinhos de vento, quais sentinelas vigiantes, erguidos no cimo do monte.

Orago: S. Sebastião

População: 439 habitantes (Censos 2011)

Área: 4,69 Km2

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