Santa Maria, freguesia do concelho de Óbidos, ocupava uma área de 22,13 quilómetros quadrados e incluía as povoações do Arelho, do Bairro da Senhora da Luz, do Carregal e de Trás do Outeiro, bem como parte de A-da-Gorda, do Pinhal e de Óbidos, onde tinha a sua sede. Tinha como freguesias limítrofes São Pedro, Vau, Sobral da Lagoa, Amoreira, Gaeiras, Roliça (concelho de Bombarral), Nadadouro e Santo Onofre (concelho de Caldas da Rainha).
A freguesia de Santa Maria de Óbidos era a mais antiga das duas freguesias que formavam a vila. Os seus formosos templos e monumentos, como as igrejas de Santa Maria e da Misericórdia, o pelourinho e o castelo, as suas ruas tortuosas, o casario branco, os pórticos, as arcadas e as fachadas constituem como que uma jóia monumental.
Acredita-se que a primitiva ocupação humana da região remonte à pré-história. Pela sua proximidade da costa atlântica, esta região despertou o interesse de povos invasores da península Ibérica, tendo sido sucessivamente ocupado por Lusitanos (século IV a.C.), Romanos (século I), Visigodos (séculos V a VI) e Muçulmanos (século VIII).
O atual castelo de Óbidos representa a fase final duma série construtiva que é possível acompanhar, por vezes mesmo documentalmente. Nas muralhas reconhecem-se, como na Torre do Facho, sinais de fabrico romano e, noutros pontos, vestígios de construção mourisca.
Em 1148 D. Afonso Henriques desalojou as hostes agarenas que aguerridamente defenderam o castelo. É dessa época, 1153, o mais antigo documento referente à fortaleza. Do reinando seguinte, o de D. Sancho I, existe uma inscrição documental que alude a obras então realizadas na Torre do Facho.
A construção principal foi obrada no tempo de D. Dinis, monarca restaurador de tantos castelos, mas D. Fernando, conforme documento de 1375, manda proceder a importantes restaurações mormente na torre de menagem. Novas beneficiações devem ter acontecido com D. João II, as quais foram continuadas por D. Manuel II que operou as modificações mais sensíveis, principalmente no castelejo, como atestam vários vãos no estilo manuelino e os emblemas da época.
É também este rei que a 20 de agosto de 1513 concede floral novo a Óbidos e, testemunhando o facto, ergue-se na Praça de Santa Maria o interessante Pelourinho, constituído por uma coluna coroada por um facho sobrepujado de cruz de ferro. Quase no topo, adossados ao fuste, de cada lado, veem-se o escudo real e o camaroeiro.
A Igreja Paroquial de Santa Maria é uma construção da Renascença, com três naves de quatro vãos divididas por arcadas dóricas com colunas sobre pedestais. O interior é de belo efeito decorativo, devido aos ricos azulejos seiscentistas que revestem as paredes de alto a baixo em romaria de um precioso azul e ao teto de madeira que forma um berço para cada nave, sendo todo revestido de grotescos policrómicos, especialmente graciosos e bem imaginados na nave central.
A coleção de quadros de autores locais inclui cinco pinturas na Capela de Santa Catarina assinadas por Josefa de Óbidos (1661), oito pinturas sobre madeira no altar-mor da autoria de João da Costa e os quadros das naves de Baltazar Gomes Figueira. No corpo do templo, do lado do Evangelho, está uma obra prima do renascimento português, o túmulo de D. João de Noronha. Esta admirável peça de escultura foi talhada e esculpida em calcário brando por Nicolau Chanterrenne, num período decorrido entre 1526 e 1528.
Esta igreja foi, em 1441, o palco escolhido por D. Duarte para o casamento de seu filho Afonso com D. Isabel, filha do Infante D. Pedro. O noivo tinha dez anos e a noiva oito, celebrando-se a cerimónia com a presença da família real e de toda a corte. Deram brado as festas que então se realizaram.
Novamente em foco estaria a igreja quando, em 1792, aí de correu o baptismo da princesa real D. Maria Leopoldina, futura arquiduquesa de Áustria. O templo foi ricamente armado e forrado de damasco e até o cruzeiro foi alargado para que houvesse mais espaço para a cerimónia. A festa da igreja decorreu sob um clima de perfeição e grandeza e no final foi servido um lauto jantar a todos os pobres de Óbidos.
Intimamente associada a estes, esteve a instituição da Misericórdia, por Dona Leonor, em 1498, na Capela do Espírito Santo. Este templo, após obras de restauro, as mais importantes em 1678 e 1774, transformou-se num magnífico edifício onde ressalta o seu portal de um barroco primário, mantendo puros os perfis renascentistas e sobrepujado de um nicho, de lavor Joanino, abrigando uma imagem da Virgem, de faiança vidrada e pintada.
Interiormente, a Igreja da Misericórdia apresenta uma nave, coberta de teto de esteira, de volta redonda. As paredes são revestidas de alto a baixo de ricos azulejos azuis e amarelos, do século XVII, com moldurados em quadros. Os altares são de grande mérito, na sua pura Renascença de talha pintada e dourada. Entre os painéis da época que os guarnecem, nota-se uma "Visitação", a que dá um encanto especial certa ternura um pouco afetada, mas singularmente elegante.
Orago: Santa Maria
População: 2 032 habitantes (Censos 2011)
Área: 22,13 Km2