História
A antiga mata do Sobreiral foi o ponto de partida para o nascimento de uma povoação que iria ser elevada a freguesia em 1837.
Decorria o ano de 1583 quando Domingos dos Santos Ferreira Neto, habitando em Óbidos havia pouco tempo, resolveu dar um passeio até ao elevado morro, situado a sudeste da Vila. De imediato ficou fascinado pela paisagem proporcionada, especialmente com a soberba vista para o mar e a proximidade da Lagoa de Óbidos.
Mandou então construir ali uma casa à qual se seguiu uma outra, esta com maiores comodidades habitada por uma família amiga. Mandaram, em seguida, arrotear parte das matas que cultivaram com cereais e árvores de frutos.
Poucos anos passados, em 1617, já ali existia um pequeno povoado de 23 fogos e cerca de 100 habitantes. O passo seguinte foi a construção de uma capela consagrada a Nossa Senhora da Conceição, com um magnifico altar e, apesar da sua fábrica ser pobre, tinha o templo capacidade para albergar 300 pessoas.
Foi o lugar da Mata do Sobreiral, integrado na Freguesia de S. João do Mocharro, extramuros da Vila de Óbidos. Em 1779 o número de fogos já era de 83 com o consequente aumento de habitantes para a casa das três centenas.
É nessa data que o povo, onde imperava um extremo sentimento de religiosidade, verifica a exiguidade da ermida de Nossa Senhora da Conceição face ao aumento considerável da sua população. Com a preciosa ajuda financeira dos frades do Varatojo, mandou-se construir um templo grande e decente, sob a invocação do Mártir S. Sebastião.
É em 1837 que este povo consegue a desanexação da Colegiada de S. João do Mocharro. Como já se viu, estes habitantes eram bastantes religiosos. Em meados do Século XVIII existiam aqui duas irmandades, a do Santíssimo com 300 irmãos e a de Nossa Senhora do Rosário com mais de duas centenas. Todos os dias, ao fim da tarde, era rezado o terço na igreja e aos Domingos de tarde havia visita dos altares e via-sacra. Durante a quaresma, saía já de noite, da antiga capela, um terço cantado por homens, percorrendo as ruas com uma cruz alçada e terminando com devotas rezas e o ensino da doutrina às crianças e também aos adultos. O mês de Maria que aqui se realizava era considerado o de maior pompa e decência de toda a região. Outra prova de todo este fervor é a quantidade de sacerdotes que a Freguesia deu à Igreja Católica. Entre 1621 e finais do Séc. XIX, foram aqui ordenados catorze padres.
No “Inventário Artístico de Portugal” fez-se a descrição da Igreja Paroquial de S. Sebastião. Excertemos uma parte: “Debaixo do altar-mor encontra-se, como relíquia, o corpo de S. Murciano. Em casa do pároco, pertença da Igreja, está um paramento (casula, véu do cálice e estola) de damasco, bordado a oiro e a matriz, do Séc. XVIII, e um resplendor de prata da imagem de S. Sebastião, adornado de berilos, granadas, pedras citrinas e crisólitas com uns brincos e um broche de peito, cosidos ao halo e aos raios . Tem de largura o esplendor 0,200m. Estas jóias tinham sido oferta pelo povo à imagem. Há ainda uma custódia de prata cinzelada com 0,650 m de alto”.
Outra das relíquias da Freguesia é o conjunto de quatro curiosos moinhos de vento, quais sentinelas vigiantes, erguidos no cimo do monte.